03/09/25 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Segurança alimentar, nutrição e saúde

Rota dos Pescados Alagoanos transforma território em banquete

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Foto: Irene Lôbo

Irene Lôbo - Adriano Prysthon, pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios, apresentou um retrato da pesca no mundo, no Brasil e em Alagoas

Adriano Prysthon, pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios, apresentou um retrato da pesca no mundo, no Brasil e em Alagoas

Entre os dias 26 e 30 de agosto, Alagoas se vestiu de rede e anzol para cozinhar sua própria geografia. Nasceu assim a Rota dos Pescados Alagoanos, uma série de experiências e jantares que percorreu três destinos: São Miguel dos Milagres, Maceió e Piranhas. Costurando o litoral e o sertão, o projeto teve como propósito celebrar os pescados locais, valorizar a pesca artesanal e exaltar a gastronomia. 

Idealizada por chefs alagoanos que também carregam a alma de pescadores - Antônio Mendes (Nalva Cozinha Autoral), Roger Lima (Tahafa), Jonatas Moreira (Akuaba) e Rafael Benamor (Mahr) -, a rota mostrou que em Alagoas a paisagem também se come: no mar, no mangue ou no rio.

 

O tempo do pescador

No coração da programação, uma voz uniu números e emoção. Adriano Prysthon, pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios, apresentou um retrato da pesca no mundo, no Brasil e em Alagoas.

“Boa parte dos recursos pesqueiros do estado - como o robalo (camurim), estrela de tantos cardápios - é aproveitada pela gastronomia. Mas só chega aos restaurantes porque há pescadores que conhecem seus ciclos, que sabem respeitar a natureza”, destacou.

Prysthon reforçou que, no centro de tudo, estão os pescadores artesanais, protagonistas de uma resistência diária. “São eles — e, sobretudo elas, as marisqueiras — que garantem a diversidade de peixes e mariscos que chega às mesas”. 

Os números confirmam: no Brasil, a pesca artesanal responde por cerca de 50% do pescado nacional. Em Alagoas, essa presença é ainda mais forte: são 12.588 pescadores registrados, grande parte mulheres que trabalham nos manguezais coletando moluscos e crustáceos.

Ele lembrou que a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, entre Alagoas e Pernambuco, abriga 325 espécies de peixes, um verdadeiro santuário de biodiversidade que sustenta não só ecossistemas, mas também cardápios. E concluiu com uma reflexão que ecoou por toda a rota: “O tempo do pescador é diferente do nosso tempo”. 

 

O rio, o mar e a mesa

A viagem começou nas piscinas naturais de São Miguel dos Milagres, atravessou a orla vibrante de Maceió e terminou em Piranhas, cidade histórica às margens do Rio São Francisco. Foi lá que a Rota expandiu sua dimensão: além dos jantares, chefs  e jornalistas gastronômicos conheceram a Ilha do Ferro, berço de artesãos que transformam madeira em poesia, e a comunidade de Entremontes, guardiã do bordado rendendê que conta a história do sertão. Cada parada foi mais que visita: foi reverência.

Para o chef Antônio Mendes, do Nalva Cozinha Autoral, em Piranhas,o objetivo foi claro: “promover e divulgar os pescados de Alagoas, do litoral ao sertão”. Foram quatro jantares - um em Milagres, dois em Maceió e um em Piranhas – pensados para revelar o potencial gastronômico e turístico do estado.  

“Convidamos chefs de cozinha de vários estados do Brasil para cozinhar conosco em Alagoas, numa troca muito rica. A presença dos jornalistas especializados vai contribuir para divulgar tanto a gastronomia quanto o turismo no nosso estado”, afirmou. 

 

O Velho Chico como personagem 

No fim da travessia, em Piranhas, o Rio São Francisco se impôs como protagonista silencioso. O “Velho Chico” não foi apenas cenário: foi corpo vivo, espelho líquido de grandeza e resistência. Entre cânions e casario colorido, o São Francisco mostrou que não é só rio — é cultura, sustento e memória de um povo que dele depende para viver e se reinventar.

Ao final, a Rota dos Pescados foi uma celebração do território em forma de banquete, onde cada prato carregou o sabor da luta, da resistência e da beleza de um povo. Um brinde ao mar que alimenta, ao rio que guia, à cidade que acolhe e ao sertão que resiste. Um brinde, sobretudo, aos pescadores artesanais, sem os quais nenhuma rota seria possível.

Irene Lôbo (Mtb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios

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