Câmara Setorial debate desafios para melhoramento genético de caprinos e ovinos
Câmara Setorial debate desafios para melhoramento genético de caprinos e ovinos
Foto: Captura de tela
Pesquisador Olivardo Facó (ao microfone) apresenta, na reunião da Câmara Setorial, dados do serviço da PEAD, que seleciona reprodutores com melhor desempenho em eficiência alimentar
A 75ª reunião ordinária da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos, do Ministério da Agricultura e Pecuária, trouxe para debate os desafios para ações e programas de melhoramento genético animal no Brasil. No encontro, que aconteceu nesta quinta-feira (4), em Esteio (RS), durante a Expointer, os integrantes da Câmara discutiram possibilidades de programas, serviços e modalidades de financiamento e políticas públicas que podem colaborar para a implementação de ações permanentes de melhoramento para as atividades da caprinocultura e ovinocultura.
O debate teve início a partir da apresentação do pesquisador Olivardo Facó, da Embrapa Caprinos e Ovinos, sobre a Prova de Eficiência Alimentar e Desempenho (PEAD), serviço oferecido pela Embrapa e parceiros para identificar reprodutores jovens, com características genéticas superiores para eficiência alimentar, velocidade de crescimento e qualidade da carcaça. Lançada em agosto deste ano, a PEAD alia estudos sobre eficiência alimentar e melhoramento genético, ao selecionar reprodutores com as características citadas para disseminar esta genética em rebanhos.
Facó destacou que o serviço contará com estrutura que permite testes com até 64 animais simultaneamente, com equipamentos eletrônicos e microchips que permitem saber, com precisão, o consumo individual dos animais nos cochos e bebedouros. “Ao trazer todos os animais para o mesmo espaço, submetidos às mesmas dietas, podemos neutralizar a diferença de ambiente e, assim, observar melhor as diferenças genéticas”, explicou ele.
Ao final das provas, que duram entre 70 e 90 dias, o serviço permite a identificação de animais com melhor desempenho. “As provas são um elemento para que sejam gerados dados objetivos, que permitem aos criadores comparar os animais. Ao obter uma classificação como animal de elite ou superior, os produtores passam a agregar valor aos seus animais”, explicou Facó.
Ao ser questionado pelo presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), Edemundo Gressler, se, no futuro, os resultados de pesquisas das provas podem gerar marcadores moleculares para as características desejadas, Facó sinalizou de forma positiva. “É nosso propósito, no futuro, modelar uma equação de predição, que permita uma seleção genômica. Já existe este tipo de equação para algumas raças de bovinos de corte e queremos obter para raças ovinas”, afirmou o pesquisador.
O presidente da Câmara Setorial, Pedro Martins, deu sequência ao debate, ampliando a discussão sobre melhoramento genético para outras cadeias, como a caprinocultura leiteira, para identificação de prioridades. “É um tema que temos necessidade de tomarmos posicionamento, entender como, no cenário atual, poderemos agir”, ponderou Martins, que também é presidente da Associação Brasileira de Criadores de Caprinos (ABCC).
Para Facó, um cenário ideal seria a configuração de uma política permanente para melhoramento genético de caprinos e ovinos no país, mas que também pudesse permitir financiamento pelo setor produtivo. “Não dá para estruturar um programa de melhoramento genético com recurso estritamente público. Precisamos pensar numa estrutura que permita que o setor produtivo busque recursos e financie programas”, avaliou o pesquisador.
Daniel Benítez, consultor do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), sugeriu a criação de um fundo para fomentar programas de melhoramento genético no país, proposta que foi endossada por Facó. “Essa é uma realidade em países como Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e pode ser pautada aqui na Câmara Setorial”, defendeu o pesquisador.
Outro assunto no âmbito da pauta sobre melhoramento genético foi levantado por Octávio Morais, também pesquisador da Embrapa: a necessidade de superar trâmites burocráticos para importação de material genético do exterior para raças de ovinos leiteiros e a dificuldade de produtores da ovinocultura de leite de terem acesso a serviços para sexagem de animais (processo de identificação do sexo dos fetos nas fêmeas, por métodos como ultrassonografia)
“Desde 1992, só verificamos importação de material genético duas vezes para a raça Lacaune e duas vezes para a raça East Friesian, alguns desses materiais são usados até hoje. Mas, com as dificuldades para importação, corremos hoje risco de problemas de consanguinidade estamos perdendo a oportunidade de trazer material de outras raças para melhoramento das nossas raças nativas”, alertou o pesquisador. Como encaminhamento, o presidente da Câmara, Pedro Martins, solicitou que Octávio elaborasse um documento técnico sobre esses desafios, para subsidiar a Câmara a buscar soluções.
Qualidade do Leite de Cabra
Também na reunião da Câmara Setorial, o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Caprinos e Ovinos, Cícero Lucena, informou que já está na fase final a produção de documento de análise sobre identidade e qualidade do leite de cabra, para subsidiar possíveis atualizações da Instrução Normativa nº 37/2000, que especifica o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leite de Cabra. O documento é resultado de grupo de trabalho, formado por solicitação da Câmara em atendimento a demanda de produtores de leite caprino.
“Foi um trabalho que envolveu pesquisadores de várias instituições, produtores e laticínios, com informações técnicas de pesquisas nacionais e internacionais sobre a composição do leite de cabra. O documento ficará à disposição do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Câmara Setorial, para subsidiar tomadas de decisões”, ressaltou Cícero. O estudo deverá ser entregue no dia 22 de setembro.
Expointer
A edição de 2025 da Expointer acontece até 7 de setembro, no Parque da Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). O público interessado em ovinos e caprinos poderá visitar exposições de raças e conferir palestras e vitrines para essas atividades. No dia 7, o pesquisador Jeferson Fonseca, do Núcleo Sudeste da Embrapa Caprinos e Ovinos, ministrará palestra sobre inseminação artificial em caprinos para a Associação dos Caprinocultores do Sul (Caprisul).
Mais informações sobre o evento em: https://www.expointer.rs.gov.br/
Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
Embrapa Caprinos e Ovinos
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