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07/08/25 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Pesquisador Irajá do melhoramento do feijão e do resgate dos guardiões de sementes adere à aposentadoria

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Guardiões de sementes foram resgatados pelo trabalho do pesquisador voltado a agricultura familiar.

Guardiões de sementes foram resgatados pelo trabalho do pesquisador voltado a agricultura familiar.

O pesquisador Irajá Ferreira Antunes, após 55 anos e meio de dedicação a Embrapa, decide pela sua aposentadoria no início deste mês. Melhorista genético, responsável pelo lançamento de cultivares de feijão para o mercado agrícola, o pesquisador oriundo do Núcleo Temático da Agricultura Familiar, iniciou sua carreira trabalhando há alguns anos no antigo Ministério da Agricultura. É o grande responsável pelo lançamento do feijão fortificado BRS Expedito e pelo incentivo e resgate das sementes crioulas e de seus guardiões.

Irajá atuou por longos anos na Estação Experimental Terras Baixas e atualmente estava lotado há pouco tempo na Estação Experimental Cascata, base física que concentra todos os projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados à agricultura familiar e sistemas de produção agroecológicos da Unidade de Pesquisas, em Pelotas. Ele é agrônomo pela UFPel, tendo feito o mestrado na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, e o doutorado, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz.

Administrativamente também contribuiu ao ocupar os cargos de supervisor e como Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento, em 1992. Conquistou o título de Cidadão honorário do município de Sobradinho, RS, por relevantes serviços prestados ao município na condução de trabalhos de pesquisa com feijão, concedido em 2015. É professor voluntário junto à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas - UFPel. 

Sua dedicação de pesquisa ficou focada no melhoramento do feijão e no resgate dos guardiões de sementes, um dos seus grandes legados. Através de suas pesquisas lançou ao mercado as cultivares de feijão BRS Paisano (feijão preto) e a BRS FC104 (carioca superprecoce). Além dessas, a cultivar BRS Expedito (feijão preto com mais proteína) e a Guapo Brilhante (preto) também foram desenvolvidas pela Embrapa e recomendadas para o cultivo no Rio Grande do Sul. Os campos de pesquisa que atuou compreendem o melhoramento genético, a caracterização agronômica, nutricional, funcional e usos do germoplasma crioulo (sementes crioulas) e resistência a estresses bióticos e abióticos do feijão (Phaseolus vulgaris L.), melhoramento participativo, identificação, caracterização e organização de guardiões de sementes e desenvolvimento de estratégias de disponibilização do germoplasma que compõem o acervo dos bancos genéticos da Embrapa aos agricultores.

De personalidade alegre, Irajá desenvolveu em seus trabalhos o poder de escuta ao agricultor, de defesa das práticas sustentáveis e de soberania alimentar, o que fez que ocupasse um lugar privilegiado junto ao segmento da agricultura familiar.  Ao resgatar as práticas e experiências dos guardiões de sementes a emoção tomou conta do pesquisador, assumindo um papel de ser interlocutor e facilitador desses grupos ao elaborar projeto que viabilizou a Rede Sociotécnica de Guardiões de Sementes Crioulas para Ampliação da Agrobiodiversidade, Segurança e Soberania Alimentar.

Ao falar sobre a etapa da vida que chega, o pesquisador diz sentir um misto de alegria e tristeza. Alegria por chegar na hora de deixar a Embrapa com a consciência de que se dedicou integralmente a ela e que o reconhecimento que hoje possui, tem muito do seu esforço. E tristeza, por que foi sua casa durante esses mais de 50 anos e, como consequência, tudo que tem deve a Empresa. “Nela aprendi muito da natureza do ser humano, em especial daqueles que habitam a agricultura familiar, expressa nas mais diversas formas, mas, seguramente, de uma importância infinita, o que me permitiu trabalhar por eles, na busca de uma maior justiça social”, disse. Ele fez um pedido a todos: a busca de aprofundamento de tolerância e solidariedade. Conforme Irajá, essa será a única forma de se conseguir atingir a paz e garantir a sobrevivência das gerações que seguirão. E terminou confessando: “deixo a Embrapa realizado como pessoa, pois sempre tive o carinho e o reconhecimento daqueles que dividiram a história que construímos juntos e que me presentearam com suas amizades”.

 

Cristiane Betemps (MTb 7418/RS)
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